sexta-feira, março 09, 2012

Mulher, Literatura e Fotografia



08/03/2012

Por Karina Oliveira e Sammara Garbelotto

Relembrar histórias de datas especiais é uma forma de comemorar. Relembrar pessoas, também. Em mais um 8 de março o Nexjor destaca a história de 17 mulheres que construíram identidades e valores que, até hoje, propiciam espaços para a mulher do século XXI.

Um toque feminino no Nobel de Literatura

Não foi desde o início dos tempos que as mulheres podiam estar atuando em qualquer área do conhecimento ou do mercado de trabalho. Elas nem mesmo teriam a audácia de interferir em tais tarefas. Mas não demorou muito para que algumas delas se motivassem a entrar numa luta para conquistar o direito á igualdade, direito a poder expressar suas ideias.

Tentando mudar a realidade, algumas mulheres buscaram um artifício para fazer transparecer a vontade de poder ser marcada na história. Muitas delas escolheram a literatura. E elas conseguiram fazer história, podendo contabilizar 12 mulheres vencedoras do Prêmio Nobel de Literatura. A pioneira foi a sueca Selma Langerlöf em 1909.

Para conhecer as ideologias de cada uma fizemos um resgate de todas as vencedoras do Prêmio Nobel de Literatura até hoje, destacando as abordagens e temáticas que elas utilizavam para dar voz às aflições.



Câmera e intuição
Por meio da imagem a sensibilidade se revela. Um traço, um gesto, uma emoção, um motivo. Através da fotografia personalidades são expostas, sentimentos abertos, rostos são transportados do corpo para o papel, para o pixel. E é, também pela fotografia, que a mulher afirma sua importância. Se percebe da situação, se posiciona, retrata. A visão – que vai além – passa pela revolução feminista do século XX, emaranha-se pelas conquistas de direitos trabalhistas e sociais e almeja um espaço único que vem sendo construído por mãos delicadas e mentes abertas. Se uma fotografia pode falar, o Dia Internacional da Mulher pede por elas. E são cinco as mulheres que estampam a homenagem.

Nair Benedicto

Na década de 70, as ruas se enchiam de manifestações onde os convidados eram apenas do sexo masculino. Nair Benedicto, paulista, foi a primeira mulher a caminhar ao lado dos homens rumo ao progresso. Sua carreira iniciou em 1972 e, desde então, retrata as classes minoritárias e/ou excluídas dando-lhes espaço e cenário onde ficar. Índios, sem-terra, menores e homossexuais são retratos freqüentes de Nair que, ao escolher por retratar a sociedade, proporciona uma reconstrução da imagem da população brasileira e, ainda, proporcionou mudanças no fotojornalismo, especialmente no que cabe à mulher. Em 1988 e 1989 caminhou pela América Latina e, lá, retratou a situação da mulher e da criança. Em 2012, aos 72 anos, é a homenageada do FestFotoPoa – Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre.



Vivian Maier

No silêncio de sua vida, Vivian Maier foi verdadeiramente mulher. Durante 40 anos, trabalhou como babá e por toda a sua vida dividiu-se entre Estados Unidos e França. Sem gritar aos quatro cantos do mundo sua habilidade com a fotografia, Vivian percorreu as ruas de Chicago e as inundou de sensibilidade. No entanto, nada divulgou – nem ao menos revelou muitos de seus filmes fotográficos. Recentemente descobertas, as fotografias da americana surpreendem pelos conceitos aplicados e pela técnica que apresentam, mesmo tendo sido tiradas por alguém cuja a sensibilidade do olhar era a única ferramenta utilizada. Em busca de registros para documentar a história de um dos parques de Chicago, em 2009, John Maloof comprou uma caixa de fotos. Rostos, paisagens, histórias. Fotos muito bem exploradas e desconhecidas. Em uma das fotos, o nome de Vivian revelava a do trabalho. O mais inusitado é que Vivian Maier morreu sem ver as próprias fotos, poucos dias antes da descoberta das mesmas. Hoje, suas fotografias inspiram – a rua, retratada de forma clara – e encantam – o olhar captado, a sensação e a expressão são aspectos fortes na fotografia de Vivian Maier.



Dorothea Lange

Estados Unidos, década de 30. A Grande Depressão recai sobre os americanos e um recomeço torna-se a busca obsessiva de qualquer morador. Em meio ao caos, o inusitado: a beleza. É nesse cenário que Dorothea Lang retratou o olhar e o sofrimento de camponeses imersos na realidade estadunidense. Nas ruas, a quantidade de pessoas sem lar motivou a denúncia social. Ingressou no Farm Security Administration – órgão criado pelo governo para atender às áreas rurais atingidas pela crise de 29 – e, a partir de então, de forma crua e direta, gritou as condições em que se encontravam 20 estados pelos quais pisou. Num campo de desabrigados, o seu melhor olhar: de mulher para mulher, o retrato da desilusão. “Mãe Migrante”, 1936, esconde a fragilidade ao apresenta a mulher como fortaleza em meio à dor. Reproduzida inúmeras vezes e alcançando mais de 10 mil publicações, a fotografia realça a sensibilidade da fotógrafa que dedicou a vida por um olhar mais humano, mais próximo. Dorothea nasceu em 1895 e, aos 70 anos, morreu vítima de câncer.



Gioconda Rizzo

Brasileira, não enxergou as barreiras impostas pelo machismo de uma sociedade que proibia mulheres de estudar ou trabalhar. Em 1914, aos 17 anos, abriu o próprio estúdio – Femina -, um espaço destinado apenas para a fotografia feminina. Fotografou o século XIX, o século XX e deixou uma lacuna na história da fotografia no século XXI, ao morrer com 107 anos. Gioconda Rizzo é o retrato de uma época que ajudou a construir. É considerada a primeira fotógrafa brasileira, a primeira mulher que decidiu rasgar os bordados de uma época engessada e abrir os olhos do mundo e para o mundo. Mais que inaugurar a fotografia para mulheres, inovou: o senso comum apontava por fotografias de corpo inteiro, enquanto Gioconda preferia os retratos, as expressões. Coragem e ousadia retratam tanto obra como fotógrafa. Capaz de avançar no caminho, Gioconda abriu as portas da liberdade feminina para que outras mulheres buscassem a sua emancipação.



Margaret Bourke-White

A História convida a um mergulho. Margaret não só mergulhou como confundiu-se com a água. Foi a primeira mulher a ter autorização para fotografar no território soviético em uma época de tensões e conflitos. Na Segunda Guerra Mundial lhe foi concedido o direito de estar nos campos de batalha. Retratou o extermínio nazista, a dor, a covardia. Retratou a vida em um período onde a morte era o centro das atenções. A fotojornalista ainda documentou a luta pela liberdade e independência dos indianos. Aos 50 anos o Mal de Parkinson a obrigou a abandonar a carreira e, aos 67 anos, lhe tirou a vida. Suas fotografias podem ser encontradas no Museu do Brooklin, no Museu de Arte de Cleveland e no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.


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