quarta-feira, março 14, 2012

CARONA DO BEM



Em meados no ano de 1960, ainda jovem cheio de sonhos, quis me aventurar andando a esmo com uma mochila nas costas à pedir carona.
Tinha uma vontade imensa de conhecer o novo, de desbravar locais, culturas, e por que não dizer jovens belas e agradáveis de conversar ou enamorar-me?
Diferente do tempo de hoje não curtia nenhum tipo de droga, só um refrigerante aqui uma pequena cerveja ali...
Era carona para tudo.
Levava no bolso da mochila alguns poucos trocados, afinal, nem eu sabia quanto tempo me demoraria na deriva de minha excursão.
Nenhuma cena que me agradasse eu perdia a foto.
Registrava tudo.
Não negaria que emagreci. Comida pouca que não satisfazia ao meu estômago. Enganava-o com água que era mais barato e descolava esta sempre aqui e acolá.
Na verdade, era obcecado por esse grande “tour” que somente terminou quando estava no melhor da festa.
Ainda me sobrou tempo para conhecer muitas regiões, de ajuizar sobre a solidão, família, pois viajara a contragosto de meus pais.
Essa questão não me pesava tanto.Meu espírito aventureiro estava além dessa palavra a qual chamamos de amor e que sabemos ser um sentimento belo e ainda tão distante da humanidade.
Varei alguns países da America do sul, me estendi até a Europa...
Passei em média dois anos nesse percurso de ir e voltar a alguns lugares.
Mas, a sorte que acreditei ter até o momento de contrair uma bactéria rara nessa caminhada acabou.
Fiquei debilitado mesmo. Perdi peso, cheguei a ficar esquelético.
Consegui internar-me em um hospital bem distante de
minha Santa Catarina.
Foram dias de terror.
A direção do hospital tentou localizar minha família, mas infelizmente não foi possível meus pais irem até lá para ver-me.
Desnorteado e com medo da morte, comecei a pensar em meu sonho louco que só a mim agradava.De resto, foi preocupação de quem me amava.
Medi toda trajetória pensando no meu jeans surrado, nos cabelos crescidos...
Como fora imprudente!
Descartei todas as possibilidades de um transtorno.
Se bem, que devemos ir em busca dos nossos sonhos.
Pensava: Por que não trabalhei para fazer uma longa viagem dignamente?
Minha cabeça não conseguia concatenar o turbilhão de idéias que eu havia sintetizado...
A doença era rara e os médicos fizeram de tudo para salvar-me e a cada dia ficava mais doente.
Minha mãe até tentou arrumar grana para pagar minha viagem internacional, mas como se suas posses eram mínimas.
No mais amigos, o meu sonho realmente desmoronara.
Fiquei vários dias em uma cama de hospital e somente me visitava os profissionais que de mim cuidavam, aliás, com muito zelo, pois reconheciam a minha solidão e procuravam me suprir de atenções.
Porém, eu enfraquecia a cada dia e perdia peso. Meu corpo não respondia mais a medicação...
Terminei indo a óbito. Minha família tomou conhecimento, fato que muito lhe entristecera.
Foi complicado porque nunca mais nos vimos.
Nesse desenlace dificil, sofri a dor do reconhecimento e do valor que tem uma família na vida de qualquer pessoa.
Poderia ter sido diferente?
Sim, mas por imprudência me deixei levar pela rebeldia e pela desobediência...
Sofri terrivelmente desejando mudar o quadro que eu houvera criado.
Lamentavelmente acabou!
Tentei criar problemas, mas, com quem, se fora eu o culpado por essa antecipação?
Não cheguei a ver o álbum tão esperado pronto, mas guardo em minha alma o sabor de inúmeras paisagens que curti na minha solidão com o desejo de curiosidade e de conquista.
Foi dificil, mas consegui abrir mão das lembranças.
Minha vida agora era outra.
Não estudei, trabalhei muito pouco e o que restou foi o vazio que me percorria dia e noite fora do corpo físico.
O que eu tinha feito da minha existência?
Chorei e clamei aos céus misericórdia.
Alguém me dizia: Há um novo aprendizado por aqui.
Então a morte não me matou e eu agora iria estudar, pelo menos isso me consolava.
Meus pais desnorteados com a minha partida chorava dia e noite.
Aos poucos fui encontrando o meu prumo e percebendo que tudo o quanto fazemos enganado, somos nós quem sofremos...
Uma viagem aleatória custara à finalização de minha estada na terra.
Fui novamente informado que essa passagem seria curta, ou seja, antes de completar 27 anos. Lá ou cá aconteceria...
Achei interessante essa conotação. Assim, passei a estudar a vida,ao que me devolveu a certeza do Todo infinitamente bom.
Gostava da arte, e foi com ela que aqui me engajei em um projeto dessa natureza para ajudar a quem como eu “pisara na bola”.
Hoje refeito, adiciono carinho a mim mesmo.
Sou lúcido e interessado nas questões as quais se referem à vontade humana: sonhos, visualizações de como podemos ser sem obsessão. Podemos e devemos sonhar com moderação e consciência de que podemos aterrar não num sonho maluco, mas em equilíbrio e sintonia com os bons resultados.
Hoje sou outro me tratando cada vez mais nessa escola sagrada para quando voltar à terra não reincidir.
Avalio hoje o quanto é importante a companhia de uma mãe para um filho, bem como a de seu pai.
Com certeza, haveremos de refletir em torno do assunto.
Sabemos que há pais que não correspondem com os anseios dos filhos.
Mas, eu jamais poderei dizer isso.
Meus últimos pais eram maravilhosos. Simples e humildes. Enfim, hoje tenho Deus no meu coração e tenho a certeza da vida sem atropelos.
Carona, somente a do bem.
Sou feliz.
Minha mãe vai chegar por cá, e eu vou conversar muito com ela.
Vou deitar a ela o meu perdão de coração.
Portanto, sejamos comedidos e moderados, pois, nem tudo aquilo que colocamos em mente obcecadamente pode ser favorável a nossa felicidade.
É preciso refletir sobre os nossos sonhos para observar o que nos pode trazer resultados positivos.
Então, ore pedindo a Deus encaminhamento.
Entre nessa conexão de fé que as respostas virão. Caso você não escute a voz amiga que deseja lhe proteger, paciência, estará sujeito a viver uma história talvez parecida com a minha.
Apesar de tudo sou agora um pequenino trabalhador do Cristo ainda bebê que deseja crescer e se expandir através de sua luz imorredoura.
Sigo-O em amor, em disciplina, em recuperação.
Com amizade, um ex-turista sediado em uma morada do Senhor.

PATRICK
Mensagem canalizada por Francyska Almeida
em 200212-Fort-Ce-Brasil.
http://cristaiscelestes-novaera.webnode.com/
http://novaera-cristaiscelestes.blogspot.com/

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