quinta-feira, dezembro 17, 2009

O Sagrado Masculino



Tem-se tentado, e até mesmo escrito muito sobre a natureza do homem, sobre como este ou aquele motivo mitológico, religioso, político, econômico, material, e etc. influenciou, ou, até mesmo, continua influenciando o devir dos filhos de Adão e Eva no mundo. Porém somente são abordadas as questões de bem ou mal, na minha opinião questões que ocultam a discussão mais profunda e elucidadora nas questões estanques das práticas humanas. Talvez o assunto que eu venha trazer a tona seja absolutamente irrelevante aos olhos de muitos. Principalmente aos seres masculinos arraigados há muito em seus postos estabelecidos . Mas não custa refletir sobre mais um tema muito pouco discutido dentro e fora da academia, e utilizado como matéria-prima por outros meios de informação como, por exemplo, romances, televisão, revistas, músicas etc. que é a questão do gênero, abordado somente na questão dicotômica homem/mulher. E para disso serei às vezes digressivo, e até mesmo um pouco pedante, pedindo desde já desculpas aos descontentes com o texto de um formando em História pela Universidade Federal de Sergipe.
O texto em questão traz uma reflexão superficial, tomando emprestado o método indiciário de Carlo Ginzburg, que nos permitiria uma análise mais justa dos métodos e práticas masculinas no decorrer de sua história universal.
Poderíamos por exemplo, segundo o método indiciário , chegar a conclusão de que, quem mordeu a maçã foi Adão e não Eva. Visto que em toda a história, o homem criou a partir de então um modus vivendi condizente com seus padrões físico-naturais e psicológicos, e, por conseguinte, moldou toda uma cultura autônoma e automatizada diferentes das práticas físico-naturais e psicológicas femininas. Porém quem ficou com o ônus da questão foi a mulher. Acusada de morder o fruto proibido , pagou pelo ônus da questão, pois dando tudo errado, o ser masculino se desobrigava da culpa, permitindo seguir em frente seu caminho rumo ao progresso existencial terreno, sem se culpar do pontapé inicial.
Este Big Ben masculino, se é que existiu, destruiu toda uma cultura anterior a sua. Dizem alguns historiadores, que certas sociedades pré-históricas, e até mesmo a creto-micênica eram regidas por práticas femininas. Se esta cultura feminina era dominante em sociedades pré-históricas, carece de uma maior elucidação por parte das pesquisas não alcançadas por este que voz fala.
Para tentar introduzir o leitor no que quero dizer, exporei um exemplo real, que pode ser observado em todo lugar, basta prestar atenção nas expressões humanas cotidianas.
Certa vez, passeando numa cidade chamada São Domingos, município do estado de Sergipe, vi uma criança chorando extremamente enraivecida xingando de “viado” um menino maior que ia logo a sua frente, possivelmente seu irmão mais velho. Não foi a questão homossexual em si que me chamou logo a atenção, e sim como aquela cêpa de menino com uns três a quatro anos de idade, de uma cidadezinha do interior do nordeste tinha em seu apanágio simbólico um preconceito pejorativo a respeito de um gênero humano.
Certamente a criança não sabia direito o que seria um homossexual. Porém, a qualificação extremamente pejorativa e exposta em um momento de raiva, está impregnada em seu capital cultural, já em tenra idade. A questão moral e outras questões inerentes no processo de formação humana já teriam nesta criança formado um juízo de valor. Pois, no mundo em que vivemos, somos apenas preparados para ser homens ou mulheres, conseqüentemente seres de comportamento de machos e de fêmeas. Qualquer desvio destes modelos, podem modificar o valor infringindo aos semelhantes.
A cultura máscula predomina em todo o planeta, já que o humano de sexo masculino e de gênero heterossexual encontra nesta vertente comportamental as ferramentas básicas para legitimar suas atitudes no decorrer da história. Por exemplo, como mostra um filme sobre o regime Talibã no Afeganistão , Osama, onde uma família sem o homem, ainda em nosso tempo, não pode sobreviver sem o personagem masculino. Fazendo a mãe tentar transformar a filha mulher num homem desde a infância, matricula sua filha numa escola só para meninos, e para os campos de trabalho onde somente homens trabalham pelo sustento da casa. Com isso quero apenas chamar a atenção para as práticas masculinas, especificamente para seus códigos de honra, acima de qualquer legislação escrita atualmente.
Abro parêntese aqui, pois muito importante foi a contribuição de Karl Marx para a história, para a sociologia, para a antropologia, para a economia e outras ciências, já que sabemos de sua linha de pensamento, a qual divide o homem por classes sociais e entrou para o senso comum como um dogma irrefutável do modus vivendi humano, nos permitiu uma análise mais empírica e materialista para introduzir e fortificar mais ainda nas ciências humanas o caráter de ciência, em comparação as outras formas de conhecimento mais estabelecidas e aceitas para explicar a verdade das coisas. Principalmente para as ciências humanas em relação as naturais. Então nada mais natural que contestasse a religião, e nela colocasse a pecha de “ópio do povo”. Era uma forma de conhecimento nova se estabelecendo, e como as ciências estabelecidas fizeram, contestou uma outra forma ampla de explicação dos homens para se firmar.
Não a aceitando em sua totalidade, no entanto, reconhecendo sua importância, cito um de seus discípulos contemporâneos, o francês Pierre Bourdieu, que elucida um pouco mais a charada do devir humano, num processo, que teria ocorrido juntamente com as idéias de desenvolvimento materiais humanos marxista, ou, num processo histórico muito anterior que o descrito pelo nosso consagrado intelectual alemão, mas aproveitando o conceito de capital . A obra de Bourdieu ajudará o leitor deste texto a respeito de certos termos que não abordarei aqui como os conceitos de campo, modus, capital simbólico e cultural etc. Até mesmo porque, já advertindo aos desavisados, a leitura não é nada simples, e traduzida para o português sem nenhuma intervenção de iniciados no autor francês, podem fazê-los desistir logo no primeiro capítulo. Sugiro procurar o professor do Departamento de História da UFS, Dr. Jorge Carvalho do Nascimento em um de seus cursos sobre o complicado Bourdieu.
Chamo aqui a atenção para uma obra que deveria ser muito recomendada, principalmente nos dias de hoje, e que foi a obra que me abriu os olhos para as violências simbólicas, como a que cometeu tão ingênua criança ao xingar seu irmão de viado. É o livro chamado A Dominação Masculina. Onde o escritor expõe formidavelmente, não em linguagem tão simples, um pouco do que é o homem do sexo masculino heterossexual, a mulher do gênero feminino, os homossexuais, e outras vertentes comportamentais.
Meu interesse não veio do nada simplesmente por que fiquei indignado em uma criança xingar a outra com mais um dos termos corriqueiros como cabrunco, canço, fio da peste ,fio do cão, etc. Minha preocupação, é que esta criança ao mesmo tempo em que aprende a ler, a escrever, a respeitar aos pais, que, não deve maltratar a natureza e os animais, aprende a ser preconceituosa com uma forma de vida existencial, e não abstrata, que nem conhece ainda, e nem sabe o que significa direito, vai amadurecendo a idéia no decorrer de sua vida, automatizando-a por conseguinte, fazendo com que torne “natural” o preconceito contra seres semelhantes. Se, uma criança assim se descobre homossexual numa idade posterior, em um mundo que apenas a prepara como o macho ou a fêmea, as conseqüências serão catastróficas, que o diga os GLBTs .
O Cristianismo está culturalmente mesclado ao Judaísmo, i. é., misturado com várias inovações humanas, e também com tradições antigas. Esta forma revolucionária de pensar e viver – o Cristianismo – está diretamente impregnada pelos interesses dos homens de seu tempo num tipo de antropofagia ou sobreposição de capitais culturais. O que teria tudo isso a ver com o tema do texto? Será que quero chamar a atenção para o movimento gay e suas lutas tão justas e necessárias?
Não quero chamar a atenção apenas para o movimento gay. Porém poderia citar outros exemplos de exclusão social e suas práticas de violência simbólica. Apenas tentei mostrar como determinado segmento da sociedade, sofre violência simbólica, para através de um fato concreto entendermos o tão difícil lado abstrato humano, o simbólico. Pois a mulher também sofre, o negro sofre, o páreas indianos sofrem, os latinos sofrem, os árabes sofrem, os amarelos sofrem, os mendigos, os índios, etc. Sofrem por causa de um modelo imperfeito, resistente a aperfeiçoamentos, mas principalmente por causa da resistência tradicional.
E onde está o problema nas relações humanas? Nas Legislações modernas? Nas religiões antigas? Na sociedade em geral?
Apesar do interesse em melhorar a humanidade a partir de suas leis – estas influenciadas na maioria das vezes por pensamentos utópicos ou irrealizáveis – procuram padronizar os atos dos indivíduos sem pouco se importar com o tempo em que as pessoas demoram para assimilar tal processo de renovação do habitus humano através de influências artificiais. Muita atrocidade acometeu a humanidade, como o caso do nazismo, que procurou fazer uma limpeza racial em detrimento da melhoria material de determinado grupo, idealizado como perfeito, ou ideal, o ariano alemão. Modelo injustamente aplicado em malefício dos mais fracos e já há milhares de anos oprimidos por um modelo imperfeito e impensado masculino. Ou seja, não se preocupa muito com possíveis efeitos colaterais de longo prazo. Vivemos então um processo de experimentação de diversos modus de vida diferentes? Não chegamos nunca a um denominador comum?
É aí, que, na minha opinião entra o gênero masculino, a cultura masculina, o poder o homem macho com m maiúsculo.
Possuímos evidências históricas de civilizações pré-históricas que tinham em conta o sagrado feminino e seu poder exercitados em suas sociedades. Mas não conheço histórias de civilizações dominadas pelo gênero feminino, de como eram: sua sociabilidade, seu governo, suas regras, suas deusas, suas práticas sexuais, de economia e de trabalho. Mas conheço o mundo histórico masculino tão ensinado em todas as áreas humanas desde as ciências exatas às humanas. O mundo em que vivemos está estabelecido de forma tal, que quase não conseguimos apreender o “sagrado masculino” de forma evidente. Ele se confunde com a verdade absoluta, natural, incontestável. Ainda bem que para quebrar este dogma, temos já aceito pelas ciências a lei da relatividade, onde nada é absoluto.
Fazendo leituras que me ajudassem na monografia sobre o meu biografado, o primeiro médico urologista do estado de Sergipe, Dr. Costa Pinto, pude enxergar uma nesga de luz sobre o devir masculino, e seu aprendizado, e suas práticas.
Se observarmos nas crianças pequenas, vemos que até certa idade da infância, meninos e meninas têm o mesmo jeito de falar, de se portar. Até mesmo observamos certos interesses e resistências de meninos e meninas e suas formas de desejar certas brincadeiras, brinquedos e esportes como de meninos e de meninas. As cores, azul e rosa, demonstram nosso imaginário de menino e menina. Apesar de o amarelo, e o branco serem tidas como cores neutras, em algum momento o rosa e o azul foram estabelecidos tradicionalmente como representantes de sexualidade, pelo menos não sei nada sobre o assunto em nenhum livro religioso ou científico.
Então em sua educação, seja em casa ou na escola, na rua ou na igreja, os meninos sofrem coerção por parte dos membros mais próximos para que se portem de tal forma, gostem de tal cor, brinquem com carrinhos e bolas de futebol. Naturalmente os meninos que não conseguem absorver o modus másculo tende a sofrer coerção do tipo a “falar como homem”, a “se portar como homem”. Lembro que meu pai chegava a pedir para as meninas irem me acordar pela manhã no quarto. As meninas sofrem semelhante coerção, porém o esforço para transformar uma menina em mulher é menor .
Muitas vezes suas mães, educadas sob a égide estabelecida de educação masculina reproduziu para outras gerações todo o trabalho almejado pelo universo masculino. Mas por reproduziram sem saber que seriam sempre servas do processo de automatização, tido como O Sagrado, O Certo, e em algumas sociedades ou nem percebidos em outras. Não somente por realizarem os trabalhos menos nobres no trato da casa, fazenda, indústria, comércio, e etc... mas por reproduzirem costumes que passando de geração em geração, acabaram virando tradição, ou mesmo coisa sagrada, natural.
Somos todos filhos de mulheres, educados por elas, criados por elas, mas estas, servas dos homens, ou seja, do gênero masculino, e logicamente, segundo os auspícios masculinos. Livros sobre educação feminina ajudam a elucidar muito este fato no decorrer das décadas. Cito o livro da professora Drª Anamaria Bueno do Departamento de Educação da UFS, Vestidas de Azul e Branco, e entenderão o que digo. Pois as mulheres desde quando começaram a ser educadas na sociedade sergipana serviram não apenas como professoras, mas como prendadas donas de casa, e satisfeitas graças a Deus e em nome da família. E se especializaram em determinados afazeres que talvez as igualassem com as gueixas japonesas, no tocante aos agrados para o “macho”. E o mais interessante, faziam a tarefa de ajudar a reproduzir os ideais de educação masculina e feminina, seja em casa ou no trabalho.
Quem criou a teoria capitalista? Quem inventou o comércio, a indústria, as artes, a ciência, a mitologia, a religião, a arquitetura, os nomes das plantas, dos animais? Quem inventou a política, a guerra? Quem são seus agentes principais? Sob os desejos de quem o mundo seguiu seu rumo até agora?
O homem lógico. Não o sexo masculino apenas, mas o gênero. Pois desde os tempos antigos, e como assevera Bourdieu em A Dominação Masculina, homossexuais são providos de capital intelectual bastante significativo em relação aos heterossexuais. Porém, por serem quem são não possuem vez e voz. Estes não seriam a mistura no mesmo ser de dois gêneros diferentes num mesmo sexo? Seria a “hibridização de gêneros” a solução para a pacificação do mundo?
Acho que a melhor pergunta seria: Não seria necessário um melhor estudo, e, por conseguinte, uma melhor organização dos saberes para a educação dos seres humanos baseadas também na questão de gênero?
Há séculos os jesuítas para aculturar os indígenas, tomavam para si a educação dos curumins, os quais, por conseguinte, iam menosprezando e ridicularizando a cultura e a religião dos pais em detrimento de uma mais “civilizada”. A educação nós recebemos por todos os sentidos, como dizia Rousseau . Então os desenhos animados, filmes, jogos de computador e todo tipo de entretenimento e produtos direcionados a público tão sensível a educação, acabam sendo influenciados de certa forma, seja ele imediato ou de longa duração de forma divertida? Influenciam no capital simbólico de cada criança? Entretenimento, produtos comerciais, artes e demais influências culturais, estrangeiras ou nacionais, influenciam em nossa forma de pensar? Idéias, ideais, ideologias são passadas às nossas crianças? Conseguimos perceber o interesse por trás de certas propagandas?
Podermos observar isso historicamente em filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, em que japoneses e alemães odeiam tanto a Disney, como a Coca-Cola e demais “americans ways of lifes”. Estes países sabiam muito bem do que se tratavam certos tipos de influências externas em suas culturas, e muitas vezes criavam produtos e demais bens culturais que sanassem tais deficiências e lhes dessem autonomia frente a avançadas formas de vida.
Todas estas formas de cultura não teriam padrões masculinos? Não que sendo criadas propositalmente, apelando eu para o termo “teoria da conspiração” – tão propagada por certas correntes de pensamentos que vêem um propósito em tudo –, mas entranhadas de certo modo no processo de desenvolvimento humano que acabou criando um processo de automatização, reprodução e naturalização, e, por conseguinte consagrados de forma dogmática. E para justificar tal manobra do gênero masculino cito Norbert Elias e Peter Burke que escreveram sobre como é possível criar todo um modus que influencia a cultura ocidental e mundial até nossos dias nos campos dos costumes, cultura, política, etc.
Basta prestarmos atenção no caminhado masculino e no feminino, na forma de falar, na forma de agir, na forma de exercer a mesma função no trabalho. Se observarmos as duas crianças de sexos diferentes que em determinado momento são ensinadas a viver e se portar de formas diferentes, teremos a leve impressão de que estamos ensinando dois papeis distintos dos naturais. Estaríamos sendo diretores de um filme? Onde termina a ficção e começa a realidade?
Nosso pequenino sãodominguense “desbocado” exemplar de macho crescerá. E junto com ele a visão de que o que pensa pode ser realidade e para isso não restarão argumentos a serem somados. Seja de ordem religiosa, social, econômica ou cultural, a conjuntura onde estiver inserido, reproduzirá ele, sendo homem ou mulher, uma série de ações ou reações das quais a responsável será a época em que recebeu tais informações que amadurecerão ou serão ultrapassadas? A violência simbólica ou física gratuita sofrida por um homossexual do sexo masculino por heterossexual do sexo masculino não teria um aspecto de coerção, ou mesmo de punição, por ver um “semelhante” ferindo a “ordem sagrada masculina”? A mulher que traiu o marido, sofre maus tratos por parte dele, e da sociedade injustamente? Não sofreria semelhante violência pelo mesmo motivo? A mulher traída sofreria o mesmo que o homem que traiu?
O homem se sente tão a vontade no mundo por ele criado que transgride as próprias leis. Confunde sua categoria humana e abre brechas para esta discussão tão necessária nos tempos atuais. Esta transgressão está tão arraigada no nosso imaginário que, por exemplo, ninguém se vê abordado por um gênero diferente do masculino num assalto. Quem quer para representante político um gênero diferente do másculo líder paternalista, mesmo este sendo corrupto?
Nem o campo científico escapa da influência do gênero masculino. Pois é de muitos sabido e vivenciadas as dificuldades em expor um ponto de vista novo, uma perspectiva nova para o aprimoramento humano. Estaríamos sob a égide de uma forma de pensamento limitada agora, apesar de muito útil até os dias de hoje, já que sob ele tivemos grandes avanços humanos, técnicos e materiais. A forma competitiva masculina, muitas vezes agressiva, de levar a humanidade adiante nos trouxe aqui. Muitas melhorias na saúde, na educação, na religião, etc. Mas até que ponto seria certo segui-la? Não estaria na hora de refletirmos e olharmos para as outras formas de vida – gênero – já que não dispomos de tantos bens naturais para disputarmos? Não seria a hora de amolecermos diante de tantas disparidades entre os humanos?
Muitas perguntas sem respostas podemos apreender do tema em questão. O meu limitado conhecimento não me permite ir adiante ainda. Minta proposta é de aprimoramento de ser humano em todos os sentidos e gêneros. É a disposição do texto em questão para debatermos o tema. Não tem caráter de verdade e muitos outros podem ajudar a aprimorá-lo com concordâncias, dissensões, e discordâncias.
Sei que nossas reformas no campo jurídico avançam, mas sei também que leva muitas gerações até que todos adquiram capital cultural suficiente para um melhor exercício das trocas simbólicas em benefício mútuo. Dependendo diretamente de vários fatores materiais, econômicos, sentimentais, tradicionais.
Lembremos da Ditadura Militar de 1964 no Brasil. Quando do seu termino, todos anistiados. De ambos os lados opostos, muitos descontentes. Mas, na minha opinião, decisão sensata. Pois barra o ódio passado adiante culturalmente, influenciando diretamente em processos como o ocorrido na Segunda Guerra Mundial. Como disse Deus na Bíblia: “A vingança é minha”. Mas o ser humano depois de milhares de anos não aprendeu a lição. Sob a égide da justiça reina a vingança em nossas leis. Nada mais passional, ou, na minha opinião, coisa do gênero masculino. Quantos problemas seriam resolvidos se no fundo de nossas decisões não houvesse o reinado absolutista do gênero masculino?
Posso parecer cair em melodrama sentimental, mas falar sobre simbolismo humano naturalmente envolve sentimentos. Através deles modificamos tudo. Através deles desejamos, planejamos, construímos, vivemos. Uma dose certa de sentimento – hoje muito entendido pelas religiões, que por séculos desenvolveu, estimulou e exercitou muitas práticas, apesar de impregnadas pelo gênero masculino – traz métodos digamos assim, mariológicos, muito interessantes, que poderiam servir de referência, ou experiências vividas a serem observadas para o aprimoramento humano. Quem não lembra, ou sente falta, da figura materna que a todos acolhe quando mais necessita, seja na figura da mãe, da avó, ou de qualquer outra que nutra a necessidade de compreensão por parte dos necessitados, mesmo que sejam apanhadas em deslizes ou caprichos?
Parece que de todas as contribuições de capital cultural de nossos antepassados, a menos observada, pois está inserida no nível individual e coletivo automatizado e natural, o gênero masculino é um dos muitos poucos discutidos ou debatidos. E se lembrarmos dos avanços que demos sob sua égide, não é mais hora de continuarmos a disputar os espaços que não possuímos mais em abundancia. Confortavelmente viveríamos sem tanta pressão psicológica e social que vivenciamos com este modus vivendi de ganhos, conquistas, poder, vingança, status. Porém apesar de muitos terem morrido na cruz, não aprendemos ainda a dominar nosso impulso masculino. E também, me incluo no rol dos “culpados”.


E..., para os falsos julgamentos..., quero encerrar dizendo que agradeço a categoria masculina pelo progresso alcançado sob seus auspícios. Mas quero lembrar também, que a categoria em questão, sempre procura no desespero por ela..., sempre sua mãe. E ela é..., quem dá sempre a solução..., para todos os problemas.

Higo Brito, é graduando em Licenciatura de História pela Universidade Federal de Sergipe, e membro do GEPHE (Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação)

OBS Texto sujeito a correções, as notas não puderam ser inseridas infelizmente.



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